
Com suas roupas coloridas eles percorrem corredores brancos desde 1991, deixando para trás um rastro de sorrisos em pacientes, enfermeiros, médicos e funcionários. São os Doutores da Alegria, integrantes de uma Organização Não-Governamental (ONG) que desenvolve experiências artísticas baseadas em técnicas circenses e teatro clown em espaços hospitalares. A idéia de trabalhar com crianças hospitalizadas, pais e profissionais da saúde deu tão certo que o grupo inspirou iniciativas semelhantes em todo o País. Segundo a psicó, Ioga e coordenadora do núcleo de pesquisa da ONG, Morgana Masetti, são mais de 200 equipes, a maioria formada por voluntários, que atuam como palhaços em hospitais. "Esta é uma das razões para investirmos cada vez mais na formação de profissionais para esta atividade", destaca, explicando que um dos focos dos Doutores da Alegria são projetos de oficinas e treinamentos. Atualmente, o trabalho da ONG acontece regularmente em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Recife, mas o grupo desenvolve também palestras e projetos no restante do Brasil.
Ainda que não seja este o objetivo principal da ação, o trabalho dos palhaços tem importantes conseqüências terapêuticas, conforme apontou o levantamento realizado pela psicóloga. Ela conta que a interação entre a atuação artística e o ambiente hospitalar apresenta um saldo positivo para os pequenos pacientes: "A criança se alimenta e se comunica melhor, além de responder de forma mais ativa aos tratamentos. O trabalho também atinge os pais, deixando-os mais participativos e menos ansiosos, e tem impacto ainda sob os profissionais da saúde, que, durante a atuação dos palhaços, relatam sentir menos estresse e ter uma imagem mais positiva de seu trabalho".
Além destes resultados, Morgana acredita que existe uma contribuição maior que o trabalho proporciona em relação à humanização do ambiente hospitalar. "E uma proposta no sentido de superar o modelo da medicina tecnicista, baseado apenas em exames e procedimentos, para se valorizar mais a relação médico-paciente". Para ela, um dos desafios do grupo está na conscientização sobre a complexidade do trabalho. "Pode parecer um paradoxo, mas para nós este é um trabalho muito sério. Para integrar a equipe, um palhaço precisa ser um artista profissional e passar por cerca de um ano de treinamento específico", explica. A proposta se faz explícita no slogan da ONG: "O engraçado é que é sério".
Fonte: Jornal do Comércio
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