segunda-feira, 17 de setembro de 2007

É fácil fazer o bem ao próximo

Atitude Cidadã


Liliane Fell atua na ONG Recife Voluntário

Existem diversas formas de ajudar e ser solidário. Segundo especialistas no assunto, as ações independem da idade, profissão ou escolaridade de cada um, sendo necessário apenas boa vontade e o desejo de querer fazer algo por alguém. "É a partir de pequenas ações que se muda um País. Todo mundo tem algum talento que pode estar oferecendo para a transformação do outro", destaca a coordenadora de Voluntariado nas Comunidades da ONG Recife Voluntário, a advogada especializada em Legislação do Terceiro Setor Liliane Fell. Ela acredita que o voluntariado é o espaço ideal para despertar nas pessoas a consciência cidadã e desenvolver nelas o compromisso com as questões sociais, trazendo melhorias para toda a sociedade. "É preciso sair do mundo individual para estar se engajando em ações coletivas".

O primeiro passo, segundo Liliane, é olhar ao redor. "Muitas vezes a gente não ajuda porque não está vendo alguém que está bem próximo. Então, a partir do momento que você vê, que sente, que encarna a necesidade do próximo as coisas começam a acontecer. Não é necessário ter recursos, ter pessoas do seu lado, mas é necessário que você sinta a dor do outro", completa a pastora da Igreja Anglicana Água Viva Siméa Meldrum, que realiza uma série de ações sociais na comunidade de Jardim Brasil 5, nas proximidades do Lixão de Aguazinha, em Olinda (saiba mais). Liliane dá a dica: "Comece a olhar seu bairro. Se existe uma praça depredada, uma área verde que precisa ser revitalizada, uma pessoa doente, um idoso necessitando de companhia; problemas sociais não faltam. Não espere ninguém chamar ou alguma ONG recrutar voluntários e tome a iniciativa", ensina.

A advogada revela que o número de voluntários tem crescido no mundo e atribui este aumento, em parte, ao movimento contrário promovido pelo caos social da atualidade. "A violência gera indignação e acaba resultando na adesão das pessoas que querem transformar a realidade para o voluntariado". No Recife, o perfil do voluntariado é jovem. "A maioria das pessoas, cerca de 90%, que chega ao Recife Voluntário é universitário. Eles procuram o serviço com a motivação de adquirir conhecimento e experiência." Outra característica são as ações pontuais. "No período das férias ou em datas comemorativas, como o Dia das Crianças, aumenta o número de interessados. Normalmente, eles não querem estar desenvolvendo ações planejadas, com compromisso de horário e continuidade". Mas Liliane não desanima: "É bom porque, a partir de uma experiência solidária, a pessoa desperta para a consciência cidadã e se engaja depois em algum outro momento."

As organizações sociais ainda têm uma visão assistencialista do voluntariado. "Eles esperam ajuda, mas não desenvolvem projetos visando ao voluntariado que dêem resultados concretos para a comunidade. As organizações que implementam programas específicos de voluntariado estão conseguindo evoluir, mas não é a maioria", conta. A advogada acredita que as ações assistenciais são importantes para situações emergenciais, como a fome, por exemplo, porém, passado esse nível, tem que progredir. "A doação simples anula a iniciativa das pessoas de procurar outras alternativas, gera acomodação e mantém o ciclo de miséria. É importante que ela esteja atrelada a programas que gerem emprego e renda", enfatiza. O grande desafio da ONG Recife Voluntário é estimular o voluntariado a manter o compromisso e dar continuidade às ações. "Nosso sonho é que o voluntariado no Brasil vire um hábito e não uma ação isolada, a exemplo do que acontece no Canadá, país de referência no assunto, onde as ações solidárias fazem parte do cotidiano das pessoas."

PARCERIA - O Recife Voluntário é parceiro do canal Cidadania do JC OnLine desde 2002. Há quase 10 anos, realiza ações de sensibilização, capacitação e reconhecimento do trabalho voluntário, promovendo o intercâmbio entre comunidade, empresas, poder público e voluntários, além de realizar oficinas de capacitações. A ONG capacita uma média de 80 voluntários por mês ou 960 por ano. "A oficina tem duração de 4 horas. Somente depois dela é que o voluntário pode ser encaminhado para uma das instituições sociais conveniadas ao Recife Voluntário", explica a diretora presidente, Vasnusa Lack. Nas aulas, os candidatos recebem informações sobre diversos pontos do voluntariado, como histórico, motivação, direitos, responsabilidades, objetivos do milênio, além de formas e locais de atuação. Atualmente, 2.860 pessoas estão desenvolvendo trabalhos voluntários e esse número só tende a crescer.

Os interessados devem procurar a sede da entidade, localizada em Boa Viagem, no Recife, e preencher uma ficha de cadastro. A mesma ficha também está disponível no site do Recife Voluntário (www.portaldovoluntario.org.br) e pode ser enviada por e-mail. Os inscritos serão convidados a participar de oficinas e encaminhados às organizações cadastradas na ONG que atuam na Região Metropolitana do Recife. (J.M.)

Fonte: http://www2.uol.com.br/JC/

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