quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Por dentro da revolução verde

O Wal-Mart, a maior empresa do planeta, conquistou a simpatia de ambientalistas e deslancha a mais ambiciosa estratégia do mundo dos negócios para se converter de vilão em herói do meio ambiente. Ele pode mudar – radicalmente – o modo como as companhias operam em escala global

por Cynthia Rosenburg, de Bentonville


CESTA COM PODER O Wal-Mart vai dar nota aos fornecedores com base no grau de sustentabilidade dos seus produtos e processos. Isso pode forçar mudanças no mercado

METAS AGRESSIVAS

Vários aspectos chamam a atenção na iniciativa verde do Wal-Mart. Um dos mais interessantes é que, na tentativa de provar que a preocupação ecológica é boa para os negócios, a companhia está recorrendo a seus princípios tradicionais de busca aguerrida por custos baixos e eficiência. "Depois que Lee estabeleceu metas ambientais agressivas, a velocidade com que fazemos as coisas aumentou e novas oportunidades de economia surgiram", diz Charles Zimmerman, vice-presidente de desenvolvimento de novos formatos. As três grandes metas da empresa foram desdobradas em diversos objetivos específicos. Zimmerman é um dos responsáveis por garantir que o Wal-Mart atinja um deles: fazer com que as lojas existentes sejam 25% mais eficientes no consumo de energia e criar modelos novos, 30% mais eficientes. Em sua sala em Bentonville, ele fica cercado por engenhocas que as empresas enviam ao Wal-Mart para testes. "Este equipamento é um sistema de iluminação para estacionamentos que ainda nem é fabricado comercialmente. Saiu do laboratório da GE diretamente para nós", afirma, mostrando um protótipo. "Não há lâmpadas, apenas fileiras de LEDs, uma tecnologia de iluminação muito mais eficiente e de menor impacto ambiental. É mais caro, mas em dois anos o investimento se paga."

Dois anos atrás, o Wal-Mart criou duas lojas experimentais - uma em região de clima frio (Aurora, no Colorado) e outra em clima quente (McKinney, no Texas) - para testar soluções que possam reduzir os danos dos supermercados à natureza. Brent Allen, o gerente da loja de McKinney, parece orgulhoso do trabalho. "Todos os meses recebo pessoas de vários países interessadas em conhecer o que fazemos aqui", diz ele, enquanto passamos por um enorme corredor repleto de refrigeradores com produtos à venda. À medida que caminhamos, as luzes internas das geladeiras, que também são pequenos LEDs, são acionadas por sensores de presença. O produto lá dentro só é iluminado quando chegamos perto. A tecnologia será instalada em cerca de 500 lojas por ano, gerando uma economia estimada de US$ 2,6 milhões na conta de energia.

O ecologista do Wal-Mart quer que Wall Street olhe para o desempenho da empresa e exija mais

"Algumas tecnologias testadas aqui, como as turbinas de energia eólica, ainda são caras para ser usadas em grande escala", diz Allen. "Mas outras soluções já são adotadas em vários lugares." Uma delas é o controle geral de iluminação, presente em 2,7 mil das mais de 4 mil lojas do Wal-Mart nos Estados Unidos. Nesse sistema, sensores monitoram a quantidade de luz natural que entra por aberturas no teto e apagam as luzes internas nos horários mais claros. Fazer compras em McKinney, onde há luz natural, o pé-direito é mais baixo para economizar ar-condicionado e o estacionamento é cheio de árvores, é mais agradável que nas lojas tradicionais do Wal-Mart (veja desenho na pág. 110). No meio da entrevista, Allen foi abordado por uma senhora empurrando um carrinho cheio. "Eu moro numa cidade vizinha e gostei muito de sua loja. Parabéns. A partir de agora, vou fazer minhas compras aqui."

Outro aspecto marcante da estratégia ambiental é sua abrangência. A empresa tem hoje 13 grupos de trabalho que perseguem mudanças nas mais diversas áreas - de construções e logística a agricultura e produtos eletrônicos. Em vez de simplesmente abordar as questões tradicionais relacionadas a cada negócio - como qualidade e preço -, os profissionais agora precisam fazer perguntas como: de onde vem o produto? Como ele é fabricado? Que substâncias contém? Como é transportado e embalado? É nessa investigação e no trabalho com os fornecedores que está o maior potencial de mudança. "Você continua trabalhando para conseguir as melhores decisões para o consumidor. A novidade é a lente pela qual passa a analisar essas decisões", diz o vice-presidente, Andy Ruben, que foi escolhido para coordenar a iniciativa de sustentabilidade depois de trabalhar 15 anos na área de estratégia do Wal-Mart. Seu cargo vem impresso num cartão minúsculo. No verso, lê-se: este cartão consome 50% menos papel. "Esta pode ser a grande estratégia, a grande oportunidade de negócios das próximas décadas", diz Ruben. "Mas ainda estamos no jardim da infância."

A sustentabilidade já mexeu com um aspecto da cultura da empresa. Vista como fechada e centrada em seus processos internos, precisou abrir as portas a especialistas de fora para dar consistência e velocidade à iniciativa verde. Profissionais de ONGs, universidades e órgãos do governo americano, como a Environmental Protection Agency, participam dos grupos de trabalho. Algumas organizações até abriram escritórios em Bentonville. "Essas pessoas não foram chamadas porque queremos convencê-las a gostar de nós, mas porque têm perspectivas que podem nos ajudar a ser melhores", diz Ruben.

O ESFORÇO DE EDUCAÇÃO

Para conseguir provocar mudanças no negócio e influenciar o comportamento de fornecedores e consumidores, o Wal-Mart precisa ensinar os funcionários sobre sustentabilidade. Veja o que está sendo feito:
Nos Estados Unidos
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Os 1,3 milhão de empregados são convidados a aderir ao Programa de Sustentabilidade Pessoal e a estabelecer metais individuais de qualidade de vida (como adotar alimentação saudável) ou de cuidados com o meio ambiente (como usar menos o carro)

No Brasil
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A rede contratou o Instituto Akatu para dar aulas sobre sustentabilidade para os executivos e ampliar o entendimento sobre consumo consciente entre os 60 mil funcionários. Multiplicadores serão formados em temas que vão de água a finanças pessoais

Fonte: http://epocanegocios.globo.com/Revista/Epocanegocios/0,,EDG78958-8374-7-3,00.html

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