sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Pela vida



Histórias de pais e mães que perdem um filho em acidente de carro são, infelizmente, comuns. Alguns se uniram para enfrentar uma batalha contra as mortes no trânsito. Com a dor da perda, levantaram a bandeira da vida.

Para evitar que mais jovens tivessem sonhos interrompidos de uma maneira tão trágica, nasceu a fundação Thiago de Moares Gonzaga, que completou dez anos.

Vidas abreviadas, sonhos perdidos para sempre. Os acidentes de trânsito são a primeira causa de morte de jovens entre 14 e 26 anos no Brasil. Só no Rio de Janeiro, morre um por dia.

Há poucas semanas, foram cinco de uma só vez. O carro com os jovens que voltavam de uma boate, ficou destruído na Lagoa Rodrigo de Freitas.

Foi assim com Thiago de Moraes Gonzaga, em uma madrugada de maio de 95, em Porto Alegre. Ele tinha dezoito anos.

Um ano depois, os pais Diza e Régis, criaram uma fundação em homenagem ao filho e a campanha Vida Urgente, com a missão de preservar a vida sem perder o ritmo dos jovens.

“Onde é que o jovem vai, onde ele freqüenta, qual o seu comportamento, trabalhar em cima, não querer ser diferente do que ele é, a Vida Urgente é uma coisa do jovem, a gente vai onde ele está, a gente convive com ele no seu espaço, com a sua linguagem, com o seu jeito, tem sido assim”, conta o diretor executivo da Fundação, Sérgio Néglia.

A madrugada viva invade a noite da cidade e vai aonde os jovens estão. Um ônibus leva para casa quem já bebeu demais. Uma peça de teatro conscientiza crianças e jovens.

No palco, "Últimos dias de super-herói". Um alerta para a preservação da vida, como conta a atriz Sissi Venturin. “A gente acaba se distanciando, a gente acha que está muito longe, que com a gente não vai acontecer, principalmente quando é jovem”.

“Você acompanha quarenta minutos a vida desses quatro personagens, as loucurinhas de cada um, o namorinho, e a coisa vai indo, vai indo e no fim ele se acidenta de moto. Uma estrutura para mostrar que isso acontece mesmo na vida de qualquer um”, diz o ator Michel Cappeleti.

“Eu vim parar na fundação porque aconteceu uma história comigo, que foi o acidente de um amigo meu que eu fui no enterro dele e vi vários amigos meus reunidos por um motivo que não era para uma festa, onde a gente geralmente se encontrava”, conta o ator Luciano Fernandes.

Eles perderam a vida quando o que mais queriam era viver. Espalham os sorrisos e a alegria da juventude pelos murais da fundação Thiago Gonzaga.

Nas ruas de Porto Alegre, as borboletas pela vida. O símbolo da campanha é marcado no asfalto, onde uma vida se perdeu. Borboletas que também ensinam para as crianças cuidados importantes.

“Tem que dar a mão para um adulto quando quiser atravessar a rua”, diz Grazielle, de 5 anos.

“A gente sabe que a mudança de cultura se dá a longo prazo, não é uma questão que vá se mudar do dia para a noite, então é um projeto de mudança que só vai acontecer com o tempo, então nós começamos a trabalhar as crianças, os adolescentes, os jovens no sentido que daqui a 10, 15, 20 anos eles possam ter uma nova geração, com um novo comportamento”, conclui o diretor.

Mais de trezentos mil jovens de escolas públicas de vários estados já assistiram o espetáculo "Exército de Sonhos", baseado na história de Thiago Gonzaga.

“Na idade em que eles estão, são muitos planos e eles não pensam nas conseqüências e essa peça é muito importante”, diz a professora Norma Lombardo.

“Eu achei bem interessante, eu tive uma experiência como essa na minha vida, perdi uma colega e é bem interessante o trabalho que eles estão fazendo e isso aí conscientiza o pessoal, é muito bom”, diz Vagner, de 18 anos.

Fonte: http://acao.globo.com/Acao/0,23167,GTS0-3776-246163,00.html

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