segunda-feira, 10 de setembro de 2007

A nova casa das Casas Bahia

Rede varejista cria megacentro de bem-estar para seus empregados. 0 prédio ecológico reúne opcões de lazer e cuidados de saúde

ROSENILDO GOMES FERREIRA

"O funcionário motivado trabalha e vive melhor"
MICHAEL KLEIN, DIRETOR DA EMPRESA

Houve um tempo em que a política de Recursos Humanos (RH) de boa parte das corporações brasileiras se resumia à distribuição de cesta básica e vale-transporte. Plano de saúde era um luxo restrito a poucos. E a "escassez de benefícios" sempre foi mais visível no setor do comércio. A justificativa se ancorava no fato de o segmento atuar basicamente com mão-de-obra temporária, atendendo picos de demanda: Natal e Dia das Mães. Essa história, contudo, mudou. O acirramento da competição e o custo resultante da contratação e do treinamento de um funcionário fez com que diversas companhias apostassem na retenção de valores. É o caso da Casas Bahia, gigante que fatura R$ 11,5 bilhões e emprega 52 mil pessoas. Na segunda- feira 27, a rede deu um importante salto em sua política de RH, com a inauguração de um centro de convivência. O prédio está situado próximo ao quartel-general da corporação, em São Caetano (SP). Batizado de Edifício Chana Klein, o espaço de 3 mil metros quadrados (m2) reúne serviços de saúde (consulta ginecológica, fisioterapia, massagem terapêutica e ginástica laboral), opções de lazer (academia de ginástica, cybercafé e aulas de dança), cultura (sala de leitura) e beleza (salão de cabeleireiro e manicure). O refeitório, cujas paredes foram de-coradas com grafite por jovens da ONG Projeto Quixote, ocupa uma área de 1,5 mil m2. A cozinha é assinada pela arquiteta Erlise Tancredi, a mesma que desenhou a cozinha do Fasano. O melhor dessa história é que não é preciso desembolsar um centavo sequer pela maioria dos serviços. O que é cobrado, como no caso do salão de beleza, tem preço subsidiado. O custo desse empreendimento, sem contar a aquisição do prédio, foi de R$ 2 milhões. E o que motivou a Casas Bahia a fazer um aporte dessa magnitude? "Estamos valorizando nosso maior patrimônio que são os funcionários", justifica Michael Klein, diretor financeiro da Casas Bahia. Anualmente, a companhia aplica 2% das receitas em ações de RH. Somente com capacitação e desenvolvimento de pessoal foram gastos R$ 16,3 milhões em 2006. Montante que faz da rede uma potência também nessa área. "Trata-se de um verba expressiva e de um pacote de benefícios que a coloca numa posição de destaque", avalia Rogerio Leme, dono da Leme Consultoria e autor de livros sobre gestão de pessoal.

Klein ressalta que o investimento em RH já faz parte do DNA da Casas Bahia e é um dos fatores que explicam a liderança da empresa. "O funcionário motivado trabalha e vive melhor", resume. Segundo ele, o centro de convivência dará maior visibilidade aos serviços que já são oferecidos em várias unidades. Atualmente, o Centro de Distribuição, em Jundiaí (SP), e o Contact Center, no bairro do Jabaquara (SP), possuem opções na linha do bem-estar. Os centros de convivência foram concebidos pela consultoria StarMap a partir de pesquisas com os funcionários. Mas é no edifício Chana Klein que a Casas Bahia está fazendo sua aposta mais ousada em matéria de RH. Isso porque, o projeto é inovador, ainda, nos quesitos acessibilidade (todas as áreas são adaptadas para deficientes físicos) e ecologia. A iluminação e o aquecimento da água, por exemplo, será feito por meio de placas solares. A água vai ser tratada e reutilizada na própria unidade, enquanto o lixo será reciclado. Esses parâmetros serão a base do plano estratégico de um ambicioso programa de reaproveitamento dos insumos consumidos na corporação. Uma das idéias é transformar, em asfalto, os 1.540 pneus descartados anualmente.

INVESTIMENTO
R$ 2 MILHÕES foram gastos para equipar edifício de 3 mil m2

O uso de papel reciclado também está em estudo. "Cuidar do meio ambiente é um dever de toda a sociedade e as empresas têm de dar a sua contribuição", resume Michael Klein.

Fonte: http://www.terra.com.br/istoedinheiro/edicoes/520/artigo60867-1.htm

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