A Favela do Coque é uma das comunidades mais pobres e violentas da cidade. O projeto de um juiz oferece aulas de música, reforço escolar e refeições diárias a crianças carentes.
O Jornal Nacional está exibindo a última reportagem da série sobre a Justiça brasileira, exibida nesta semana no Jornal Nacional, Cristina Serra e Élder Miranda mostram uma iniciativa que afastou crianças e jovens do crime com a ajuda da música.
"A música, para mim, é um meio de transformação, porque eu fui transformado através da música", diz o estudante Júlio Carlos Rocha da Silva.
"É uma paixão no meu coração”, revela o estudante Ronald José Francisco dos Santos.
"Ela traz paz, alegria. Coisa que, no Coque, a gente não tem, porque lá é muita violência, muita gente que não presta", conta a estudante Genilza Bezerra da Silva.
A Favela do Coque é uma das comunidades mais pobres e com um dos maiores índices de criminalidade do Recife. Um lugar como tantos outros no Brasil, onde a gente olha em volta e parece que não há futuro para as crianças. Mas, nesse lugar, alguma coisa começa a mudar.
O maestro Cussy de Almeida lembra como começou: "Eles chegaram sem saber ler, escrever, sem saber as quatro operações. Eles vieram da maior escuridão possível. Nunca tinham visto um desses instrumentos”.
Mas o maestro tem uma certeza. "Eu digo, todo dia, que Deus, quando dá o talento, não olha nem a raça nem a condição social. A primeira coisa que ele faz é botar o dedo e dizer: você vai ter talento. Não interessa se ele nasceu na lama, mas o importante é que ele está aqui", ele afirma.
Luã, de 4 anos, é o caçula da orquestra de 130 meninos e meninas, cheios de sonhos e histórias. Como a Genilza.
"Quando eu era menor, eu assistia a vídeos de grandes orquestras e via aquelas pessoas tocando o instrumento, o violoncelo. Ele é uma extensão do meu corpo", diz Genilza.
Não é que seja fácil. "Vamos de novo esse pedacinho aqui? Bem natural, relaxa”, orienta o professor Diogo.
O ritmo da escola é puxado. As crianças têm aula de música, reforço escolar em português e matemática, língua estrangeira e três refeições diárias, de segunda-feira a sábado. Parece regime de quartel. E não é que é mesmo? A escola funciona dentro de uma unidade militar, que fica perto da Favela do Coque.
Na oficina, conhecemos o Seu Batista, que faz os violinos da orquestra, e João Pedro Lima. Fã do Jornal Nacional, ele nos fez uma surpresa.
João já sabe até onde a música pode levá-lo.
"Se eu for um profissional, eu vou batalhar para ser da Orquestra Filarmônica de Berlim. Vou construir a minha vida, uma família para mim", ele conta.
Em casa, quase não tem espaço para ensaiar. Mas João é dedicado e, claro, é o maior orgulho da Rosângela Teixeira de Lima.
"O que eu quero dele é que ele seja um homem de bem. Não quero casa, só quero que meu filho seja feliz. A felicidade dele é o que importa", afirma Rosângela.
A escola de música e a orquestra vão completar três anos. Tudo foi ideia do juiz João José Targino.
"Prevenir é mais importante do que reprimir, do que remediar. Eu, como magistrado, vivo um mundo no qual não houve prevenção. Por essa razão, estamos a reprimir. Está o Poder Judiciário a reprimir", avalia o juiz.
Hoje é um dia muito especial para as crianças e jovens da orquestra. Eles vão se apresentar no teatro e receber um prêmio. É mais um reconhecimento ao talento e ao esforço deles em busca de uma vida melhor.
No concerto, os pequenos músicos mostram tudo que aprenderam. Música clássica e popular. É uma noite de puro encantamento.
Acorde por acorde, nota por nota. Essas crianças e jovens têm a coragem de construir, à sua maneira, sonhos e esperanças.
Fonte: Jornal Nacional
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