quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Tempo de piracema

É época de piracema na Amazônia. A reprodução de centenas de espécies depende dessa maratona rumo às cabeceiras dos rios; alguns peixes nadam mais de três mil quilômetros para desovar. Os cardumes que enfrentam a correnteza são alvos fáceis da pesca predatória.

A cachoeira do Teotônio, a 30 quilômetros de Porto Velho, é um dos melhores lugares de toda a Amazônia para se ver de perto a piracema; milhares de peixes se apertam disputando um espaço para saltar.

“É o período em que o peixe fica mais vulnerável. Como ele já migrou por um período, ele já está cansado, extenuado. Alguns até deixam de se alimentar para ter como meta somente a migração e reproução”, explica a engenheira de pesca Raica Esteves de Xavier.

A especialista explica que o cansaço da luta contra a correnteza é o que induz a reprodução dos peixes. A desova acontece na cordilheira dos Andes; o esforço dos pais para chegar lá garante que os filhotes se espalhem por toda a Amazônia, nadando a favor da corrente.

No leito barrento do rio Madeira, vivem 750 espécies de peixes, mas nenhum deles nada mais que os bagres – os maiores chegam a medir dois metros de comprimento. Segundo os biólogos os grandes bagres da região, como o Dourado e o surubim, nadam mais de 3 mil quilômetros. Eles saem do rio Amazonas e vão desovar na cabeceira do rio Madeira, já na Bolívia.

A presença dos policiais precisa afasta os pescadores para proteger a piracema e impedir acidentes. Nos últimos cinco anos, 80 pessoas morreram na cachoeira. “Esse trabalho permanece até acabar a migração dos peixes“, afirma o major Josenildo Nascimento, comandante da polícia ambiental.

O espetáculo da piracema está ameaçado; parte da área onde corre o rio Madeira vai ser inundada pelas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, que o governo federal pretende construir até 2012.

A bacia do Madeira tem uma das maiores concentrações de peixes da região e garantindo a alimentação dos ribeirinhos e moradores das grandes cidades da Amazônia. “Essas barragens, está certo, são um patrimônio para o nosso país, mas quando as águas forem soltas, vai matar muito peixe”, opina o pescador Orlando Félix de Brito.

Segundo o Ibama, a licença prévia para as duas barragens prevê a construção de um canal que garanta a subida dos peixes migratórios durante a piracema.

Fonte: http://jornalhoje.globo.com/JHoje/0,19125,VJS0-3076-20071003-304456,00.html

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